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A história da minha vida.


MachineGunKelly

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O meu nome é Douglas Alves, eu nasci no Rio de Janeiro, no dia 3 de fevereiro de 2000. Quando eu ainda era apenas um bb, minha mãe veio do RJ para Fortaleza para tentar uma vida melhor aqui, mas acabou não dando muito certo. Ela não conseguia arrumar um emprego e a convivência com quem posteriormente me adotaria estava ficando super complicada. Quando minha mãe decidiu voltar para o RJ, ela enfrentou muitos problemas, até mesmo a polícia, pois não queriam que ela me levasse também. Acabaram que caindo na real e deixando que ela me levasse, pois não tinha o que fazer. Alguns dias depois de ter voltado ao Rio, fiquei doente, e minha mãe, sem dinheiro para o meu tratamento, teve que me mandar de volta para Fortaleza, ''sozinho'', sendo vigiado por uma aeromoça, para que aqui eu pudesse receber os devidos cuidados.

 

Quando minha mãe já estava com uma condição financeira melhor, ela veio novamente para Fortaleza para me levar de volta, mas aconteceram mil e uma coisas e no final ela meio que foi ''forçada'' por milhares de pessoas a me deixar aqui. Cresci escutando da minha mãe adotiva que eu era maltratado, que eu passava fome, que eu era espancado sem motivos. E enquanto eu crescia e alimentava esse ódio pela minha mãe dentro de mim, ela sempre tentava manter contato, mas, devido as coisas horríveis que colocaram na minha cabeça, eu nunca dava uma chance à ela. Fora isso, tive uma infância feliz, tranquila, que infelizmente não durou muito, nunca dura...

 

Com 7 anos, eu fui abusado por um amigo gay da namorada do meu irmão adotivo na época, pra minha sorte tinha muita gente na casa e ele não foi muito longe. Eu só fui entender o que de fato aconteceu apenas alguns anos depois. Só de lembrar das mãos bobas, das carícias e de outras merdas, eu fico revoltado. Acho que eu mataria esse cara caso eu o encontrasse de novo.

Com a chegada da minha adolescência, vieram os problemas; minhas notas na escola, que antes eram perfeitas, começaram a abaixar. Não só isso, foi mais ou menos nessa época que me apaixonei pela primeira vez, mas como eu era apenas um garoto magrelo, na minha cabeça, eu não tinha nenhuma chance com a menina pelo qual eu era apaixonado. Ela era uma das garotas mais cobiçadas da escola, o quê fodia com o meu psicológico ainda mais, pois eu não tinha nenhuma confiança em mim. Na verdade eu nunca tive. Um dia, o meu primo me mostrou um stories dela no Insta, onde ela aparecia beijando o namorado. Como a gente sempre brincava com coisa pesada, ele começou a zoar da minha cara achando que eu ficaria de boa, mas eu não fiquei. Depois dali, que inclusive era na mesma época que o Insta estava no seu auge, eu comecei a me envolver com drogas. Pra minha sorte, consegui abrir os olhos, a paixão sumiu e eu não caí nessa armadilha.

 

Quando fiz 17 anos, tive outra paixão que me afetou muito mais do que a primeira. Tá anjo, mas qual foi a diferença? A diferença foi que essa me deu esperanças e depois pisou em mim como se eu fosse um nada, me trocando e me deixando de lado da noite pro dia. Eu cortei meus braços inúmeras vezes, passava a noite em claro tentando falar com ela, perguntando aonde eu errei e que poderia consertar tudo, mas ela estava ocupada demais falando com outra pessoa. Eu ia trabalhar sem ter dormido direito, sem ânimo, e sempre que eu me encontrava sozinho, eu chorava. Chegava em casa e eu ia direto pro meu quarto; dormia um pouco, me cortava e depois tentava consertar as coisas. Sem sucesso.

 

Sempre que eu fazia aniversário, minha mãe colocava uma foto minha e um texto enorme no facebook dela, e eu ficava puto, porque na minha cabeça ela só queria chamar atenção, queria pagar de boa mãe, quando na verdade só tinha feito merda quando eu ainda era uma criança. Eu xingava ela de todos os nomes, mas deixava claro: eu não quero papo com você, apenas com minhas irmãs e nada mais. Mas é claro que por causa disso, minhas irmãs não se sentiam à vontade pra falar comigo, eu até tentava, mas não dava certo.

 

Quando eu fiz 20 anos, ela postou outro textinho no fb, e novamente eu fiquei puto. Só que daquela vez eu não só fui grosso, mas peguei pesado, chamei minha mãe até do que eu não deveria, mas eu não senti remorso, não naquele momento. Depois dos xingamentos, ela simplesmente disse que estava cansada de tudo e não falou mais nada. O tempo passou, e a cada briga que eu tinha com minha mãe adotiva, eu pensava: ''será que é isso mesmo? se ela realmente me maltratava e não gostava de mim, porque toda essa insistência durante esses anos? Não faz sentido...'' Foi quando eu pedi desculpas por tudo o que eu tinha dito à ela; todas as grosserias, todos os xingamentos. Quando me aproximei da minha mãe, consequentemente me aproximei das minhas irmãs. Elas se chamam Clara e Eduarda, uma com 16 e a outra com 17 anos, respectivamente. Elas me falaram que depois das coisas que eu disse no ano passado, minha mãe sofreu durante muito tempo, que passava todos os dias muito mal, chorando, se lamentando que eu nunca daria uma chance à ela para que pudesse explicar o que realmente aconteceu. Eu chorei junto, pedi desculpas não só a minha mãe, mas também pras minhas irmãs, pois como filhas, eu sei que não foi fácil ver nossa mãe daquele jeito por minha causa.

 

Hoje, se eu ainda tenho vontade de viver, é por causa delas. Que eu consiga me livrar desse ambiente tóxico, voltar pro RJ e morar com a minha família de verdade. Quero ajudá-las e fazer tudo que está ao meu alcance. Mas até lá, paciência... 

 

É isso, só queria ''desabafar'' um pouco. Me desculpem por isso.
 

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